Qual o significado da morte de Jesus na cruz?

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida pelos seus amigos.”

João 15:13

Sabemos que no estudo da doutrina espírita, sabemos que Jesus é o modelo e guia da Humanidade, assim Jesus não é um Deus encarnado, mas o Espírito mais puro que já habitou a Terra, enviado por Deus como modelo e guia da humanidade (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 2).
A sua missão era revelar, pelo exemplo e pela palavra, as leis divinas que regem a vida espiritual e moral. Assim, sua morte na cruz deve ser entendida não como um sacrifício expiatório, mas como o culminar de uma vida de amor, abnegação e fidelidade à verdade divina.

O Espiritismo rejeita a ideia teológica do sacrifício vicário, ou seja, de que Jesus teria morrido para “pagar os pecados da humanidade”. A cruz não é redenção pelo sangue pois Deus, sendo soberanamente justo e bom, não exige o sofrimento de um inocente para perdoar os culpados.

Kardec nos explica que a remissão dos pecados ocorre pelo arrependimento, pela reparação e pela expiação individual, nunca por substituição. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, cap. VII).

Assim, a morte de Jesus não foi um resgate pelos pecados humanos, mas o testemunho supremo da fé e do amor de um Espírito puro, que preferiu morrer a renunciar à verdade.

Jesus aceitou a cruz por amor à humanidade, para mostrar que o espírito deve prevalecer sobre a matéria, assim podemos entender o verdadeiro sentido espiritual do sacrifício. Seu exemplo ensina que nenhum sofrimento físico ou injustiça humana pode destruir a vida espiritual.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. VI — “O Cristo Consolador”), os Espíritos superiores explicam que o Cristo veio ensinar e exemplificar o amor em sua forma mais sublime, mesmo diante da dor, do ódio e da incompreensão.

A crucificação, portanto, é um ato que podemos dizer pedagógico, que demonstra então a fidelidade absoluta à missão divina, a vitória moral sobre a violência e o egoísmo e o triunfo da vida espiritual sobre a morte física.

A chamada “ressurreição” de Jesus, na visão espírita, é compreendida como a manifestação do Espírito após a morte, fenômeno semelhante às aparições espirituais estudadas pela Doutrina.
Essas manifestações confirmam o que o Espiritismo demonstra experimentalmente: a vida continua após a morte do corpo.

Desse modo, o episódio da crucificação seguido das aparições do Cristo mostra à humanidade a imortalidade da alma e a comunicação entre o mundo espiritual e o material.

Em resumo, a morte de Jesus na cruz, segundo a doutrina espírita, significa então:

  1. Prova suprema de amor e fidelidade à Lei Divina;
  2. Ensino moral, e não ato de redenção mística;
  3. Exemplo de perdão e desapego às coisas materiais;
  4. Afirmação da imortalidade da alma;
  5. Símbolo da vitória do espírito sobre a matéria.

Os espíritos vão nos ensinar através de Kardec que:

“Jesus veio ensinar aos homens que o verdadeiro reino não é deste mundo, e que é pela caridade e pela humildade que o homem se aproxima de Deus.”
O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II.

“O sacrifício de Jesus foi o exemplo do que deve suportar o homem, em nome da verdade e do dever.”
Instruções dos Espíritos, cap. XV, O Evangelho segundo o Espiritismo.

Assim fica claro na visão espírita, que a cruz não é o instrumento da salvação pelo sangue, mas o símbolo do amor que se eleva acima da dor, da luz que venceu as trevas, e do espírito que triunfa sobre a matéria.
Jesus, com seu sacrifício voluntário e seu perdão aos algozes, mostrou o caminho da verdadeira regeneração humana: o amor, a caridade e a fé na imortalidade.

Wagner Ideali

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Tradução de Guillon Ribeiro. Federação Espírita Brasileira (FEB), 1864.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
FEB, 1857.

KARDEC, Allan. A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo.
FEB, 1868.

KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo.
FEB, 1865.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns.
FEB, 1861.

PIRES, José Herculano. O Reino de Deus.
Paideia, 1973.

XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. FEB, 1940.

DELÂNE, Gabriel. O Espiritismo perante a Ciência. FEB, 1899.

DENIS, Léon. O Grande Enigma. FEB, 1911.