Mediunidade com Responsabilidade: Entre a Luz do Espírito e os Riscos da Obsessão

“A cada um segundo as suas obras. Jesus

A mediunidade, frequentemente compreendida como um dom especial que permite a comunicação com os espíritos, é, sem dúvida, uma das maiores provas da imortalidade da alma. Contudo, seu verdadeiro valor está longe de ser apenas o fenômeno em si. Ela não é um fim, mas um meio — uma ponte entre o plano físico e o espiritual que deve ser trilhada com discernimento, propósito e responsabilidade.

 Muitos tem entendido a mediunidade de forma equivocada, pois ela está presente na vida de todos, mas de diferentes formas de se apresentar.

Atualmente, a mediunidade não tem mais a função de simplesmente comprovar a vida após a morte, como ocorria no passado. Hoje, seu papel central é moralizador: promover a transformação íntima do médium e auxiliar no progresso coletivo da humanidade. Quando esse objetivo é desviado — seja por vaidade, interesse material ou descuido moral — abre-se espaço para o fenômeno da obsessão espiritual. Nesse momento temos a perturbação chamada fascinação, instalada na pessoa com uma mediunidade acentuada, onde o médium não aceita estar desiquilibrado, complicando o processo.

De forma didática, podemos classificar a mediunidade em dois grandes grupos: com Jesus e sem Jesus. A mediunidade com Jesus está a serviço do bem, orientada pela caridade, humildade e pelos ensinamentos cristãos. Já a mediunidade sem Jesus é movida pela autopromoção, pelo desejo de poder e ganho pessoal, tornando-se terreno fértil para perturbações espirituais.

No O Livro dos Médiuns, Allan Kardec nos apresenta as múltiplas manifestações mediúnicas: psicografia, psicofonia, vidência, audiência, entre outras. Todas essas formas de comunicação espiritual têm um valor imenso quando utilizadas para fins elevados. O médium consciente deve saber que o seu desenvolvimento começa com a mudança de atitude, com o estudo constante e a prática genuína da caridade.

A mediunidade é uma dádiva divina, um instrumento para servir com amor e desinteresse. Por isso, é fundamental:

  • Estudar continuamente o Evangelho e as obras da codificação espírita;
  • Exercitar a caridade e a solidariedade como formas de viver o Cristo;
  • Cultivar a prece, que fortalece a conexão com o Alto e protege o psiquismo;
  • Desenvolver o discernimento para distinguir as boas das más influências espirituais.

Sabemos que nem todos os espíritos desencarnados são benevolentes. Por isso, é essencial que o médium se mantenha vigilante, responsável e ético em sua atuação. O desequilíbrio moral e emocional pode, com facilidade, abrir espaço para obsessores ou até mesmo gerar transtornos mentais.

Em contrapartida, a oração sincera, o esforço de autoconhecimento e a prática constante do bem criam uma blindagem espiritual natural que atua de forma eficaz, contra influências negativas.

Vivemos um período de transição planetária, e a própria mediunidade acompanha essa transformação. A mediunidade intuitiva — também chamada por alguns estudiosos de mediunidade mental — tem se tornado mais comum. Ela exige maior preparação do médium, tanto no campo moral quanto no psicológico, pois se baseia em sutis percepções que requerem atenção, concentração e equilíbrio interior.

Nesse modelo intuitivo, cabe ao médium interpretar corretamente as ideias transmitidas pelo espírito, realizando a “tradução” espiritual com clareza e fidelidade. O animismo — interferência do próprio inconsciente do médium — ainda é comum, mas pode ser gradualmente reduzido à medida que o trabalhador se educa moralmente, aprimora sua sensibilidade e se entrega ao estudo da Doutrina Espírita.

Miramez sintetiza com sabedoria:

A mediunidade com Jesus é aquela consciente de seus deveres. É o companheiro ciente do que deve fazer, que se submete constantemente às corrigendas, quando a consciência o instiga à meditação e a humildade retrata as distorções da invigilância.”

Estudo profundo dessa característica humana chamada mediunidade e a sua prática dentro dos ensinamentos e vivencias morais elevada, nos fortalece, e nos ajuda a vencer as dificuldades interiores, nossos conflitos íntimos, ajudar o próximo e nos faz acordar, ter consciência da verdadeira forma de perceber a vida e ainda mais da outra vida.

“A cada um segundo as suas obras.”(Mateus 16:27) Essa frase resume o cerne da mediunidade com responsabilidade: o uso ético, consciente e caridoso da faculdade mediúnica será julgado não pela sua manifestação, mas pelo fruto moral que ela gera tanto para o médium quanto para os que o cercam.

Ela reforça que a mediunidade, como instrumento de crescimento e serviço, só tem valor real quando está a serviço do bem, e que o retorno espiritual será coerente com o que cada um plantou em termos de moral, caridade e compromisso com Jesus.

Portanto, Jesus é e continuará sendo o caminho, a verdade e a vida. Muito se tem estudado a mediunidade, com teorias psicológicas tentando explicar o fenômeno, mas a verdadeira mediunidade — aquela que cura, consola, instrui e transforma — só se realiza plenamente ao lado d’Ele. Livrar-se da obsessão e do desequilíbrio é possível, desde que caminhemos ao Seu lado, com fé, vigilância, trabalho, amor e estudo.

Prof. Wagner Ideali

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